Uma tecnologia, uma questão econômica e um mind-set para pensarmos o futuro do Turismo

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Na última semana estive quatro dias em Buenos Aires, dois longos dias dedicados ao o Global Summit do World Travel & Tourism Council para ouvir o que os principais líderes e influenciadores do setor pensam sobre nossas pessoas, nosso mundo e nosso futuro.
Se pudesse resumir os ricos debates que ouvi nesses dois dias, eles estariam em três macro temas interdependentes que envolvem grandes disrupções globais: tecnologia, quebra de paradigmas econômicos e a, sempre necessária, sustentabilidade.
A tecnologia mais comentada do momento é, sem dúvida, a biometria como a ferramenta mais impactante na experiência com viagens e turismo. Os mais otimistas afirmaram que em até três anos os Estados Unidos já deverão iniciar a implementação do passaporte biométrico, facilitando os procedimentos migratórios e reforçando a segurança. A biometria deve ainda ser multiplicada em muitas outras arenas na jornada do viajante como meios de pagamento, check-ins em hotéis e companhias aéreas e na própria segurança do viajante.
Certamente as transformações causadas pela tecnologia não virão somente da Biometria. Big Data, como propulsor de vendas mais assertivas e customizadas também cresce como tendência, sem perder a preocupação com a privacidade e segurança da informação que é o risco direto deste complexo universo de dados (alô Zuckerberg). Mas foi o Machine Learning e a Inteligência artificial que nos levou a refletir sobre o segundo, e mais polêmico, macrotema do evento: as quebras de paradigmas econômicos.
O Turismo é responsável pela geração de um em cada cinco novos postos de trabalho no mundo, o que é uma excelente notícia num panorama em que sabemos que muitos postos de trabalho estão (e ainda serão muito mais) sendo substituídos por máquinas, acelerando globalmente os índices de desemprego e a desigualdade social. Não há dúvidas que a estabilidade global depende de postos de trabalho. Do contrário, os resultados são fenômenos que já acompanhamos em todo o mundo: fortalecimento do nacionalismo, desejo por autoritarismo, aumento da xenofobia, movimentos antiglobalização e a perda da fé na democracia. Um cenário alarmante para o Turismo.
https://www.youtube.com/watch?v=-KSryJXDpZo&feature=youtu.be
Por isso, estamos próximos do inevitável divórcio entre a remuneração e a produtividade. A renda mínima se mostra um caminho necessário e urgente. (Alô Elon Musk).
Por fim, o terceiro macrotema que compartilho é a mentalidade que não pode “sair de moda”: a Sustentabilidade.
Se o Turismo tem sofrido com a repulsa de habitantes de destinos ultra explorados, é responsabilidade nossa, profissionais do Turismo, seguir os exemplos do Japão. O país mostrou o projeto Reconstruir maior e melhor (especialmente depois das catástrofes sofridas em 2011), mostrando que iniciativas público-privadas tornam possível a rápida retomada do Turismo e já estão prontos para os Jogos Olímpicos 2020. Cabe também a nós diminuir barreiras e ampliar horizontes para que a atuação do Turismo chegue mais longe, de forma mais sustentável e pulverizada, levando consciência de país, continente e mundo de forma interdependente.
Não há que se esperar (ainda mais no Brasil) iniciativas de governo para um turismo verdadeiramente sustentável. Se não há espaço nos gabinetes para os reais estrategistas do Turismo do Futuro, cabem às iniciativas privadas tomarem a frente para desenvolver mais e melhor nosso setor e cobrarem dos governos incentivos para que os investimentos retornem no médio e longo prazo.
Uma frase que marcou o evento foi: Viajar é um antidoto para a ignorância, com isso, arregaçamos as mangas como agentes para que as tecnologias e os futuros modelos econômicos ajudem as pessoas, de forma sustentável, a viajarem mais e mais longe.

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